Antes de começar a falar sobre os hemisférios cerebrais, vamos fazer um teste:
Além de render algumas risadas, este teste é um ótimo exemplo de como funciona o cérebro.
Para começar, vale lembrar que quando falamos "cérebro" estamos falando do importante órgão que temos dentro de nossas cabeças e que quando falamos de hemisférios estamos falando das duas partes que compõem esse órgão.
São dois hemisférios que compõem o cérebro: o lado direito e o lado esquerdo.
Cada uma dessas partes, ou cada lado, serve para "decodificar" informações diferentes a respeito do mundo.
Cada uma dessas partes, ou cada lado, serve para "decodificar" informações diferentes a respeito do mundo.
No caso deste teste, o comando é para que se fale a palavra e não a cor, mas a confusão se faz porque ler palavras é função do hemisfério esquerdo e "ler" cores é função do hemisfério direito. Por isso ficamos embaralhados e temos dificuldade em pronunciar somente as palavras escritas (ainda mais porque cada uma denomina cores diferentes das cores que estão pintadas).
As funções de cada hemisfério permanecem as mesmas por toda a vida e a nossa absorção do mundo se deve ao diálogo constante entre o lado direito e o lado esquerdo para que eles, dinamicamente, reúnam e troquem informações e nós possamos viver em harmonia.
Na verdade, as informações coletadas são tão características de um ou de outro hemisfério que costuma-se falar de linguagens próprias de cada um deles. Olhemos para a figura abaixo:
Se pudéssemos traduzir em imagem a linguagem dos hemisférios, seria algo semelhante a esta figura. O hemisfério direito fica responsável por captar informações mais emocionais, como o tom da voz, a música, a melodia, a prosódia, a intuição, o pensamento simbólico, a criatividade... Já o hemisfério esquerdo é responsável por absorver informações mais lógicas, como a competência comunicativa, a leitura de palavras, o pensamento racional,...
Remetendo ao teste, este lado direito estaria lendo as cores e e o lado esquerdo as palavras.
E como você se sentiria se alguém lhe dissesse que quando nascemos nós entendemos o mundo somente pelo hemisfério direito, ou seja, pela linguagem emocional ?!
Pode parecer estranho imaginar o mundo neste universo pré-verbal, em que apenas os cheiros, tonalidade, músicas e cores tenham relevância. Mas não soa tão estranho falarmos com voz aguda e melódica com os bebês ou fazermos barulhinhos com a boca para chamar-lhes a atenção e extrair sorrisos.
Toda essa sabedoria instintiva tem a ver com a verdade que é esse fato: desde que nascemos até mais ou menos os 3 anos de idade, entendemos o mundo pela linguagem do hemisfério direito.
Em outras palavras, os bebês entendem o mundo por um universo em que chegam somente informações de prosódia e tom de voz, de cores, de músicas.
E a explicação biológica é simples!
Assim como para andar, os bebês precisam de tempo e estímulo para que os músculos de suas pernas estejam com força o suficiente para se mover, também o cérebro precisa de tempo e estímulo para que seus músculos se desenvolvam e, assim, poder se mover, no caso processar informações.
O que acontece é que quando nascemos o hemisfério direito está mais pronto para captar informações do que o hemisfério esquerdo, por isso, as crianças entendem o mundo pela linguagem emocional e nós entendemos tão bem as crianças porque esta já foi nossa principal forma de comunicação um dia.
Se formos explicar em termos da biologia humana isto acontece porque o processo de mielinização ocorre primeiro no hemisfério direito. A mielinização é como se fosse uma "capa" dos neurônios que faz com que a informação seja transmitida mais rapidamente, sendo um importante sinal de desenvolvimento e maturidade do Sistema Nervoso. Inclusive, algumas pesquisas recentes dizem que isto é um forte indicador de que as emoções são recursos biológicos essenciais para a sobrevivência humana.
Os neurônios do hemisférios direito estarem mielinizados significa dizer que este hemisfério está mais desenvolvido e que, portanto, será o meio pelo qual a criança entenderá o mundo e a si mesma. Se experimentarmos fazer uma brincadeira com uma criança lhe dizendo com voz doce que ela é horrorosa, provavelmente a criança vai rir ou ficar mais afetuosa. Isso acontece porque a criança, lendo somente o tom da voz (hemisfério direito), e não entendendo ainda o significado das palavras (hemisfério esquerdo), processa apenas a doçura, ao invés do xingamento.
É somente a partir dos 3 anos de idade que o corpo está desenvolvido o suficiente para que o hemisfério esquerdo comece a entrar em ação e a comunicação ficar mais complexa, envolvendo a linguagem verbal e o processo de simbolização.
Assim, não é somente o cheiro do cocô que a criança processa, mas também o entendimento simbólico de que este cheiro é ruim e representa uma coisa suja e nojenta. Não é só mais o tom da voz que importa, mas também o que se fala; permitindo, por exemplo, que a criança comece a entender fenômenos como a ironia e o sarcasmo.
A leitura de símbolos se faz possível como um todo, adiantando processos importantes no desenvolvimento do raciocínio, tais como as letras que compõem nosso alfabeto. Entende-se os símbolos e conclui-se a lógica do pensamento: cada letra simboliza um som (a) que, se organizado de determinada maneira, simbolizam sílabas (ba); estas sílabas produzem outros sons que, se distribuídos de uma forma ou de outra (bacia, acaba, cabana, banana), representam palavras; cada qual com seu som e significado. É por meio dessa nova habilidade adquirida após os 3 anos de idade que a criança também se ve preparada para entender que o sinal de + representa soma e assim ir aprendendo matemática no colégio.
Aos poucos, com cada um desses aprendizados possibilitados pelo desenvolvimento do hemisfério esquerdo e de suas conexôes neuronais (reforçadas pela repetição e pela memória) a criança vai compondo uma nova forma de se comunicar com o mundo.
Esse universo imenso que se abre acrescenta novas informações à forma como a criança apreende e vivencia o mundo e a si mesma.
Assim, não é somente o cheiro do cocô que a criança processa, mas também o entendimento simbólico de que este cheiro é ruim e representa uma coisa suja e nojenta. Não é só mais o tom da voz que importa, mas também o que se fala; permitindo, por exemplo, que a criança comece a entender fenômenos como a ironia e o sarcasmo.
A leitura de símbolos se faz possível como um todo, adiantando processos importantes no desenvolvimento do raciocínio, tais como as letras que compõem nosso alfabeto. Entende-se os símbolos e conclui-se a lógica do pensamento: cada letra simboliza um som (a) que, se organizado de determinada maneira, simbolizam sílabas (ba); estas sílabas produzem outros sons que, se distribuídos de uma forma ou de outra (bacia, acaba, cabana, banana), representam palavras; cada qual com seu som e significado. É por meio dessa nova habilidade adquirida após os 3 anos de idade que a criança também se ve preparada para entender que o sinal de + representa soma e assim ir aprendendo matemática no colégio.
Aos poucos, com cada um desses aprendizados possibilitados pelo desenvolvimento do hemisfério esquerdo e de suas conexôes neuronais (reforçadas pela repetição e pela memória) a criança vai compondo uma nova forma de se comunicar com o mundo.
Esse universo imenso que se abre acrescenta novas informações à forma como a criança apreende e vivencia o mundo e a si mesma.